sexta-feira, 23 de maio de 2008

John Stills e o Mundo no Avesso

Ontem, encontrei um buraco no chão e entrei. O mundo é oco e completamente vazio. Caí desesperadamente para o centro. Lá no meio do mundo, achei uma corda e um sapato de ventosas. Pela corda, subi até a casca do mundo. Com o sapato, caminhei pelo interior da casca, como alguém que caminha no teto. Ri dos meus cabelos em pé. E tudo ali era simples, vastidão sem objetos, sem arestas ou ferpas. Uma frase, escrita no chão-teto da casca do mundo, dizia: "para achar a saída, basta encontrar a luz". Vi, então, que o sol penetrava no centro do mundo por milhares de buracos iguais ao que eu entrara. Imaginei que cada um deles era uma saída. Botei a cabeça para fora de um deles. Vi que ali fora não havia nada. Achei melhor voltar para meu mundo às avessas. Depois, encontrei outro buraco. Espiei para fora e quase fui atropelado por um elefante indiano. Pensei estar mais seguro dentro do avesso do mundo. Mas o mundo às avessas é tão chato! As horas passaram e percebi que a luz enfraquecia. Ela se avermelhava. Encontrei outra saída e dei uma olhada para fora. Vi um por do sol magnífico. Você estava me esperando, sorrindo, radiante. Então saí do avesso do mundo, tirei os sapatos de ventosas e voltamos para casa.