quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Poemas Mutilados

Sem inspiração, já gastas, as palavras não dizem.

Antes, choravam, gritavam diziam. Agora...?

Deixem-nas aí, registrando vazios, não lidas, não faladas.

Fixadas em Mutilados Poemas, desesperados, não inspirados, que

descrevem o vazio de quem os criou.

A falta de idéias, a falta do que dizer,

num quadrilhão de palavras ocas,

arrancam o pensamento a força.

Digitadas nas telas, escritas nos maços de cigarro travestidos de

Mutilados Poemas, são elas sem leitores em efervescência desinspiradora.

Apelem aos Poemas e seus Multiplos Lados e contra esses sem significado que significam tudo.

Tudo vazio, tudo despedaçado, o Tudo banalizado.

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Em outro tempo, rezei para a Razão e ela me mandou ao Amor. 

Ele riu de mim e indicou-me a  Amargura. Ela apresentou-me ao Perdão.

Este ensinou-me o Vício e a Culpa. Então, implorei à Razão, mas ela não encontrei.

Pedi a Perdão pelo Vício e a Culpa. Vendo isso, riu de mim o Amor.

Senti-me tolo e junto com ele rimos de mim mesmo.

Fiquei eu embriagado e perdi a Amargura que nunca mais voltou.

Só a reencontrei na Poesia,

fantasiada de Erudição em todos esses Poemas Mutilados.

Como eu já a conhecia muito, ri dela também.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Nada de Emoções

Curiosidade mata! Coisa chata, essa coisa toda! Nada de emoções!  Diz meu amigo: - Cautela! Ironia, claro! Sexta feira, saio para beber uma cerveja e quem eu vejo? Emoções. Quero que se danem minhas emoções. Abaixo a ditadura do coração...prefiro fígado, dois goles de whisky e um Blues. Quero uma vida pacata como um furação no inferno. Quero a tranquilidade de mil pesadelos. Deixo as emoções de lado para ser mais frio! Curiosidade mata! Coisa chata esse negócio de emoções!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

John Stills partido ao meio e partindo

Estou prisioneiro das amarras de uma situação petrificante.
Ao meu lado, o leão da angustia devora as entranhas da vontade. 
Minhas paredes, amigas, são as únicas que permanecem sólidas.
O amor? A dor e a ilusão! A paz? O ontem e a distância!
Só sobraram as paredes e já faz tanto tempo! Sei lá! Seis meses ou mais. 
Quando dou conta da minha constante solidão, percebo o quanto são duras as correntes que me prendem.
Ah, devorador de sonhos, devorador de almas, devorador ... uns te chamam de diabo, eu te chamo de mentiroso. Esqueço das suas mentiras, mas há sempre alguém a lembrá-las.
Como posso viver no meio da lama?
Que sou eu, agora, para acreditar nessas tolices! Foda-se o diabo! Tá olhando o que?
Sim, são os olhares de Meduza que fazem homens mais homens. Duros como pedra. 
E você pretende entedender essa situação, que bobagem!
O significado é a morte da poesia! 
A morte é a poesia do significado! 
A poesia é o significado da morte!
Ah, triângulo permutacional que tão perfeitamente petrifica a existência. 
Foi de um triângulo como esse que retirei toda a minha amargura.  
Foram anos até construir um self múltiplo e, agora, todos dentro de mim disputam meu corpo. Apenas uma casca podre por dentro!
Qual de mim vai vencer a auto-destruição de ser o que sou? Prisioneiro de mim mesmo!
Quero agora romper as amarras, liberar as correntes e partir sem medo de ser só, já que só já sou!
E estou partido ao meio, quebrado. Não mais dúvidas cruéis. Não mais lições de moral. Não mais sentidos vazios de práticas correlatas. Digo adeus a mim mesmo, alguém que jamais fui. Não sou um ser vazio como pretendia ser. Habitam em mim muitos eus e um deles, um dia, acreditou ser feliz. Era tolo como esse que escreve  bobagens que ninguém lê, a  não ser, eu mesmo.
Falar de si é a maior hipocrisia que conheço. Odeio mentira!