Sem inspiração, já gastas, as palavras não dizem.
Antes, choravam, gritavam diziam. Agora...?
Deixem-nas aí, registrando vazios, não lidas, não faladas.
Fixadas em Mutilados Poemas, desesperados, não inspirados, que
descrevem o vazio de quem os criou.
A falta de idéias, a falta do que dizer,
num quadrilhão de palavras ocas,
arrancam o pensamento a força.
Digitadas nas telas, escritas nos maços de cigarro travestidos de
Mutilados Poemas, são elas sem leitores em efervescência desinspiradora.
Apelem aos Poemas e seus Multiplos Lados e contra esses sem significado que significam tudo.
Tudo vazio, tudo despedaçado, o Tudo banalizado.
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Em outro tempo, rezei para a Razão e ela me mandou ao Amor.
Ele riu de mim e indicou-me a Amargura. Ela apresentou-me ao Perdão.
Este ensinou-me o Vício e a Culpa. Então, implorei à Razão, mas ela não encontrei.
Pedi a Perdão pelo Vício e a Culpa. Vendo isso, riu de mim o Amor.
Senti-me tolo e junto com ele rimos de mim mesmo.
Fiquei eu embriagado e perdi a Amargura que nunca mais voltou.
Só a reencontrei na Poesia,
fantasiada de Erudição em todos esses Poemas Mutilados.
Como eu já a conhecia muito, ri dela também.