Ao meu lado, o leão da angustia devora as entranhas da vontade.
Minhas paredes, amigas, são as únicas que permanecem sólidas.
O amor? A dor e a ilusão! A paz? O ontem e a distância!
Só sobraram as paredes e já faz tanto tempo! Sei lá! Seis meses ou mais.
Quando dou conta da minha constante solidão, percebo o quanto são duras as correntes que me prendem.
Ah, devorador de sonhos, devorador de almas, devorador ... uns te chamam de diabo, eu te chamo de mentiroso. Esqueço das suas mentiras, mas há sempre alguém a lembrá-las.
Como posso viver no meio da lama?
Que sou eu, agora, para acreditar nessas tolices! Foda-se o diabo! Tá olhando o que?
Sim, são os olhares de Meduza que fazem homens mais homens. Duros como pedra.
E você pretende entedender essa situação, que bobagem!
O significado é a morte da poesia!
A morte é a poesia do significado!
A poesia é o significado da morte!
Ah, triângulo permutacional que tão perfeitamente petrifica a existência.
Foi de um triângulo como esse que retirei toda a minha amargura.
Foram anos até construir um self múltiplo e, agora, todos dentro de mim disputam meu corpo. Apenas uma casca podre por dentro!
Qual de mim vai vencer a auto-destruição de ser o que sou? Prisioneiro de mim mesmo!
Quero agora romper as amarras, liberar as correntes e partir sem medo de ser só, já que só já sou!
E estou partido ao meio, quebrado. Não mais dúvidas cruéis. Não mais lições de moral. Não mais sentidos vazios de práticas correlatas. Digo adeus a mim mesmo, alguém que jamais fui. Não sou um ser vazio como pretendia ser. Habitam em mim muitos eus e um deles, um dia, acreditou ser feliz. Era tolo como esse que escreve bobagens que ninguém lê, a não ser, eu mesmo.
Falar de si é a maior hipocrisia que conheço. Odeio mentira!