sexta-feira, 16 de abril de 2010

Página virada.

Página virada na inscrição dos fatos
da morte súbita ao orgasmo da concepção,
de que lado estou?
no centro, no avesso...

Eis que estou só, preso ao nada!
e não há mais que um espermatozóide...
nada mais!
Dos milhões de orgasmos de meu pai,
não sou, nada mais,
que só um.

No centro dessa solidão,
como o sol descobre o heliocentrismo sistêmico,
nem a luz da psicanálise solar
me fará ver por entre a cegueira do ofuscamento!

Se na noite, quem me acorda é o sono negro do dia
porque haveria de ser, eu, geocentrismo puro?

Do útero avesso ao nascimento de mim, saí.
Terra, és quente como minha mãe,deito em ti.
De tuas tetas escorrem lágrimas...
teu sangue é leite, teu leite é vinho!
"Beba, meu bebezinho, o sangue das uvas!
Os olhos te arrancarei, pois
ver o avesso no avesso é ver o lado certo do lado errado!"

Não há mais nada entre nós, confesso!
meu sangue é água! Detesto!
Me nega, o nego, vinho!
Página virada na inscrição dos fatos!
De que lado estou?
Geocêntrico no heliocentrismo,
do lado de dentro do avesso!
***
Da rosa aberta pelo perfume sonoro da luz escorrem
gotículas cristalinas que uns chamam orvalho e outros chamam Beleza!