E o poeta saiu elegantemente...
Caminhou por lugares distantes
nunca visitados ou conhecidos!
Traçou novos caminhos
por entre as palavras, ritmos, rimas e significados!
E veio a ele a inspiração.
E apressado acelerou o passo.
E escreveu desesperadamente.
Então, o poeta, na velocidade do coração,
Riscou o papel rapidamente.
Re-elaborou velhas idéias.
Fez as palavras falarem
coisas nunca ditas antes.
E correu como um louco.
E a caneta rasgou o papel.
E, cambaleando, caiu o poeta.
Perdeu a cadência.
Perdeu a rima.
Rolou pelas palavras.
Esfolou-se nos significados.
Tudo, num ritmo errático e desconcertante.
E caído, chorou como um bêbado.
E machucado, gritou como um morcego.
E morto, levantou-se como um bebê.
Foi aí, que percebeu velhos caminhos
entre as novas cercas.
Foi aí, que lapidou o verso
derramado ao chão como sangue.
Levanta poeta!
Tem alguém que lhe espera.
Ponha-se a correr novamente!
Está atrasado!
A inspiração não descansa.
terça-feira, 4 de março de 2008
sábado, 1 de março de 2008
Uma História Sem Pé Nem Cabeça
Uma história pode começar de várias formas. O começo pode ser feito pelo fim. Pode ser feito pelo meio ou pelo próprio começo. Muitas histórias não têm começo, simplesmente desenrolam e acabam. O começo pode ser um sem-começo. Nossa história vai ser assim, sem-começo.
Uma história pode terminar de várias formas. O fim pode ser apresentado de cara. No começo. Pode ser apresentado no meio da história, ou pode ser revelador, conclusivo, no próprio fim. Muitas histórias não têm fim, simplesmente continuam indefinidamente, nunca acabam. O fim pode ser um infinito sem-fim. Nossa história vai ser assim, sem-começo e sem-fim.
É claro que terá um atrativo ao leitor. Nossa história pode ser um bicho sem-pé nem cabeça, mas tem algum corpo atraente. É esse corpo que foi encontrado pela multidão faminta. Estava escondido, oculto, enterrado. Um corpo-atraente, sem-pé-nem-cabeça. De certa forma um quase-corpo de uma quase-história, ou melhor, uma quase-história de um quase-corpo.
Jazia morto, já que sem cabeça ninguém vive, ainda que dê para viver sem pés. Foi quanto alguém perguntou:
- De quem é esse corpo sem pé nem cabeça?
Rapidamente outro alguém na multidão gritou:
- É do escritor, esse monstro! Ele criou um monstro sem pé nem cabeça.
E este é o nosso horror que ao mesmo tempo atrai. Horror de toda a escrita. Uma criação frankesteiniana. O escritor transformou-se em corpo-texto, mas não foi capaz de completar-se.
Naquela faminta multidão, nada era unânime. Alguns, atraídos pela situação, não podiam tirar os olhos do quase-corpo, pois havia um quase ser ali. Uma algo atraente. E todos queriam saber, de onde veio, para onde vai, como começou e como acabou.
Embora o horror tomasse conta de todos, o atraente corpo exiba-se escancaradamente com todas as letras à multidão. E esta olhava com cobiça para suas partes. Não se sabia se a multidão era atraída pela palidez mórbida do corpo, ou se pelas suas tatuagens, ou pela sua juventude latente, ou pela sua incompletude, ou por alguma tara necrófila recalcada em inconscientes coletivos dos quais somente investigações pscicanalíticas poderiam revevolver. Algo era realmente atraente naquele corpo sem-pé-nem-cabeça. E a multidão olhava para a quase-história vasculhando seu atraente corpo com olhos famintos. Como que o devorando sem devorar.
Eis que o corpo pulsou vivo naqueles olhos famintos apesar da sua morbidez. Na imaginação dos leitores, platéia atônita frente ao quase-corpo-quase-história-sem-pés-nem-cabeça. Muitos vasculharam sua nudez, outros suas entranhas mornas, alguns ignoraram a sua materialidade, outros amaldiçoaram sua espiritualidade.
De fato, comiam letras com olhos. Um canibalismo orto-para-meta-simbólico. Rasgando frases com os olhos, à procura de algo que não se sabia o quê.
Eis que alguém grita:
- Assassino!
E nasce o criminoso e seu crime. Pois claro. Porque o escritor haveria de esconder aquele quase-corpo? Só poderia ser fruto de algum crime! E assim o corpo-texto-quase-quase é agora criação-e-assassinato. Aquela imoralidade criminosa fruto do pecado de mexer com as sagradas letras. Uma escrita infame que de nada serve, sem-pé-nem-cabeça. Eis que era esse o motivo do crime! Escritor culpado pela sua criação frankesteiniana incompleta resolve liquidá-la. Era uma história sem-fim, quanto mais queria livrar-se dela mais ela o atraia. Uma maldição compulsiva. Envergonhado, o escritor tentou esconder a quase história entre papéis na gaveta. Porém, ano após ano, ela voltava como maldição sem pé nem cabeça a atormentá-lo. Cansado, o escritor resolveu enterrar sua criação-mostruosa-atraente. E assim o fez. Só que alguém suspeitou...
Uma história pode terminar de várias formas. O fim pode ser apresentado de cara. No começo. Pode ser apresentado no meio da história, ou pode ser revelador, conclusivo, no próprio fim. Muitas histórias não têm fim, simplesmente continuam indefinidamente, nunca acabam. O fim pode ser um infinito sem-fim. Nossa história vai ser assim, sem-começo e sem-fim.
É claro que terá um atrativo ao leitor. Nossa história pode ser um bicho sem-pé nem cabeça, mas tem algum corpo atraente. É esse corpo que foi encontrado pela multidão faminta. Estava escondido, oculto, enterrado. Um corpo-atraente, sem-pé-nem-cabeça. De certa forma um quase-corpo de uma quase-história, ou melhor, uma quase-história de um quase-corpo.
Jazia morto, já que sem cabeça ninguém vive, ainda que dê para viver sem pés. Foi quanto alguém perguntou:
- De quem é esse corpo sem pé nem cabeça?
Rapidamente outro alguém na multidão gritou:
- É do escritor, esse monstro! Ele criou um monstro sem pé nem cabeça.
E este é o nosso horror que ao mesmo tempo atrai. Horror de toda a escrita. Uma criação frankesteiniana. O escritor transformou-se em corpo-texto, mas não foi capaz de completar-se.
Naquela faminta multidão, nada era unânime. Alguns, atraídos pela situação, não podiam tirar os olhos do quase-corpo, pois havia um quase ser ali. Uma algo atraente. E todos queriam saber, de onde veio, para onde vai, como começou e como acabou.
Embora o horror tomasse conta de todos, o atraente corpo exiba-se escancaradamente com todas as letras à multidão. E esta olhava com cobiça para suas partes. Não se sabia se a multidão era atraída pela palidez mórbida do corpo, ou se pelas suas tatuagens, ou pela sua juventude latente, ou pela sua incompletude, ou por alguma tara necrófila recalcada em inconscientes coletivos dos quais somente investigações pscicanalíticas poderiam revevolver. Algo era realmente atraente naquele corpo sem-pé-nem-cabeça. E a multidão olhava para a quase-história vasculhando seu atraente corpo com olhos famintos. Como que o devorando sem devorar.
Eis que o corpo pulsou vivo naqueles olhos famintos apesar da sua morbidez. Na imaginação dos leitores, platéia atônita frente ao quase-corpo-quase-história-sem-pés-nem-cabeça. Muitos vasculharam sua nudez, outros suas entranhas mornas, alguns ignoraram a sua materialidade, outros amaldiçoaram sua espiritualidade.
De fato, comiam letras com olhos. Um canibalismo orto-para-meta-simbólico. Rasgando frases com os olhos, à procura de algo que não se sabia o quê.
Eis que alguém grita:
- Assassino!
E nasce o criminoso e seu crime. Pois claro. Porque o escritor haveria de esconder aquele quase-corpo? Só poderia ser fruto de algum crime! E assim o corpo-texto-quase-quase é agora criação-e-assassinato. Aquela imoralidade criminosa fruto do pecado de mexer com as sagradas letras. Uma escrita infame que de nada serve, sem-pé-nem-cabeça. Eis que era esse o motivo do crime! Escritor culpado pela sua criação frankesteiniana incompleta resolve liquidá-la. Era uma história sem-fim, quanto mais queria livrar-se dela mais ela o atraia. Uma maldição compulsiva. Envergonhado, o escritor tentou esconder a quase história entre papéis na gaveta. Porém, ano após ano, ela voltava como maldição sem pé nem cabeça a atormentá-lo. Cansado, o escritor resolveu enterrar sua criação-mostruosa-atraente. E assim o fez. Só que alguém suspeitou...
Rolling Stones, Rolling Rocks ( John Stills afundando no sofá)
Desço pela escarpa da montanha, mas sou planície vasta.
Sou pela vida afora, errante.
Rumo sem tempo!
Viajo longe.
Vou só.
Sigo.
!
Sou pela vida afora, errante.
Rumo sem tempo!
Viajo longe.
Vou só.
Sigo.
!
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